domingo, 8 de agosto de 2010

Gestão da Inovação, do Conhecimento e Informação

Ainda existem muitas dúvidas sobre a área de atuação das Gestões de Inovação, Conhecimento e Informação. É importante que todos os profissionais conheçam e utilizem os conceitos de forma correta para não permitir perdas ou aumento da carga de trabalho da equipe envolvida devido a não compreensão sobre o tema de trabalho.
É possível fazer Gestão da Inovação sem Gestão do Conhecimento, mas se quisermos alavancar os processos, otimizar os recursos e maximizar os resultados, é importante implantar a Gestão do Conhecimento. O mesmo se aplica em relação à Gestão da Informação, pois, sem ela, a Gestão do Conhecimento fica limitada/restrita (figura).

Antes de entrar no assunto, é importante ficar claro que dados organizados geram informação e a análise da informação gera conhecimento (figura).

A comunicação, juntamente com a tecnologia da informação, permite acelerar o desenvolvimento de novas formas de geração, tratamento e distribuição dos dados e informações. Os dados, a informação, a inovação e a implementação de uma nova cultura traz vantagens competitivas sustentáveis nos tempos atuais.

A Gestão da Informação (GI) e sua inserção na estratégia da empresa é um fator chave na criação de valor e competitividade para a mesma. Cautela e Polioni (1982): "A informação é considerada como o ingrediente básico do qual dependem os processos de decisão".
Segundo Wilson (1989), a gestão da informação é entendida como a gestão eficaz de todos os recursos de informação relevantes para a organização, tanto de recursos gerados internamente como os produzidos externamente e utilizando, sempre que necessário, à tecnologia de informação.
A GI está relacionada diretamente com a área da Tecnologia da Informação (TI), mas sem uma padronização das atividades, processos e criação de normativos para os dados estruturados ou não, fica difícil ter uma gestão eficiente e qualquer ferramenta implantada pode não ser utilizada pela equipe. É preciso criar procedimentos claros para definir responsabilidades e os modelos de documentos. Dados são ativos das empresas e como tal devem ser tratados. A GI difere da TI porque conhece bem a área de negócios permitindo o uso eficiente dos recursos tecnológicos, faz prospecção/monitoramento, filtragem e obtenção de dados e informações, dissemina a informação ao público interessado e elabora produtos e serviços informacionais diversificados.
A Gestão do Conhecimento (GC) é uma linha desenvolvida no início da década de oitenta e, apesar disso, ainda não está presente em todas as empresas. Segundo Tom Davenport: “Coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização."
Ela é a união da GI, com o conhecimento explicito, e o conhecimento tácito existente na empresa, parceiros e mercado. Trabalha essencialmente com os fluxos informais e visa desenvolver nas pessoas um comportamento voltado ao compartilhamento e socialização do conhecimento para a construção de novos conhecimentos no ambiente organizacional. Ferramentas como redes sociais internas agregam no uso do conhecimento existente na empresa, como também o processo de transferência de conhecimento de empregados chaves na estrutura, principalmente os que irão se aposentar, entre outros. Segundo Capra “O poder da rede advém da sua propriedade de multiplicação inerente ao processo de fazer conexões. Quanto mais conexões existir na rede, mais densa ela será”. O desenvolvimento de uma rede favorece o intercâmbio de informação e conhecimento, alavancando os ganhos para a empresa, criando processos e métodos que transformam o conhecimento tácito em conhecimento explícito.
Antes da decisão dos métodos que serão utilizados, é necessário realizar um mapeamento das competências chaves aplicadas ao negócio e os processos inerentes a organização.
A inteligência competitiva, ferramenta importante para a competitividade da empresa, é dependente da GC. Não adianta olhar para fora se não conseguimos ver por dentro da instituição que trabalhamos. O retorno de um projeto e programa de GC bem desenvolvido e apoiado dentro da empresa traz vantagens competitivas e decisões mais precisas e rápidas, reduzindo os riscos de uma decisão errada ou incoerente. Segundo Stephen Storm “90% de tudo que nós precisamos saber é provável que alguém já saiba na companhia” e isso somente é possível através da GE.
Vale ressaltar que independente da área responsável, as áreas de TI e de Recursos Humanos precisam ser envolvidos.
O decreto 5.796/06 da lei federal 11.124/05 define a inovação como a “Concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado.”
A Gestão da Inovação engloba a GE e a GI, dessa forma, ela pode ser caracterizada como a economia baseada no conhecimento. É também responsável pelo monitoramento de tecnologias, desenvolvimento de projetos que trarão melhorias ao processo existente ou de novos processos e a gestão dos mesmos, gestão de patentes, busca de parceria entre outros. Apesar de ser possível realizar inovação sem GE, ela é totalmente dependente do conhecimento e da informação prontamente disponível. Os riscos de não-sucesso envolvidos nos processos e projetos de inovação são altos e quanto mais conhecimento for utilizado será possível definir e priorizar atividades presentes no portfólio de forma a reduzir eventual perda por uso de recursos de forma indevida e planejamento estratégico não alinhado com as tendências de mercado. A Gestão da Inovação deve incluir a Propriedade Intelectual (PI), muitas vezes esquecida pelas empresas. A PI não é a única via de uma invenção, mas, independente, a falta de conhecimento gera perdas, como o arquivamento de patentes* ou divulgação externa de conhecimento estratégico (ex.: Segredo Industrial). É preciso um trabalho forte de divulgação e conscientização dos empregados ao tema, além de uma gestão centralizada. Os dados do INPI mostram que o número de patentes arquivadas vem crescendo (figura). Isso traz perdas não somente para as empresas, mas também para o país, implicando em perda de competitividade e desestímulo das empresas que investiram em inovação e não podem mais gerar receitas com a invenção, resultado direto da falta de uma gestão clara nas empresas e universidades. Esse gráfico representa a perda do conhecimento por falta de gestão.

O mais importante é que esses três temas não devem ser encarados como um simples modismo. Todas as empresas que desejam sobreviver ao mercado, mantendo competitividade, precisam registrar o que é gerado de dado e informação e permitindo um ambiente de troca de conhecimento onde os empregados terão oportunidade de pensar “Sem a Caixa”, podendo inovar e alavancar os ganhos.

*Uma patente é um direito de propriedade sobre uma invenção, concedido por departamentos nacionais de patentes. Uma patente dá a seu detentor um monopólio (de duração limitada) sobre a exploração da invenção patenteada como contrapartida da divulgação (com o que se pretende permitir uma utilização social mais ampla da descoberta).

Nenhum comentário:

Postar um comentário