segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sustentabilidade e o Analfabetismo Ambiental

O tema “Ser Sustentável” está amplamente disseminado e enraizado? Infelizmente, não. O tema sustentabilidade ainda está ligado a investimentos e aumento dos custos. A sociedade ainda está cega ao quanto se pode ter lucro sendo sustentável.
Um ótimo exemplo é o supermercado sustentável. Normalmente são lojas para as classes A e B onde os clientes podem pagar por produtos diferenciados e a um preço mais alto pelas mercadorias. Uma simples coleta de óleo gera custo, pois o proprietário será responsável pela logística do produto até as usinas de reciclagem, que utilizarão esse material para geração de energia/combustível. Qualquer acidente durante o percurso será de responsabilidade do mercado coletor e isso gera prejuízo ao proprietário, além de sujar o nome da empresa. Devido a isso, muitos mercados não assumem essa responsabilidade.
O que é preciso entender é que o governo deve assumir alguns custos. Vejamos o caso dos trens bala. Esses trens são de alta velocidade e permite o transporte de passageiros de uma cidade a outra, em alguns casos, de forma mais rápida e customizada que o transporte aéreo. Todos sabem que uma empresa privada não assume um projeto desse tipo pois ainda não é viável economicamente, mas como o transporte é um problema endêmico em todas as grandes cidades, o governo apóia esse tipo de investimento. Mesmo sem o foco, é um projeto sustentável, pois polui menos do que cada passageiro pegar um carro e ir em direção ao destino desejado ou a viagem por meio de avião.
Esse tipo de atitude deveria ser levado aos produtos de impacto ambiental que, bem administrado, gera impacto social. Hoje em dia, cidades como Belo Horizonte, não possuem serviços de coleta seletiva em todas as regiões. O bairro Coração Eucarístico, onde se localiza uma das melhores universidades do estado, a PUC-MG, não possui esse tipo de serviço. Do que adianta uma divulgação intensa da mídia se não existem formas da população atuar, ou seja, nenhuma política pública clara e eficiente voltada para esse tema. A melhor forma de educar, nesse caso, é colocar os pontos de coleta seletiva, onde a ação de um mobiliza a ação do outro. O fato de ver alguém tendo uma ação sustentável, faz com que o outro se sinta fora do sistema e com vontade de ser inserido no mesmo. Uma coleta seletiva bem planejada gera novas oportunidades de negócios e, com isso, criação de novos postos de trabalho, afetando diretamente a sociedade – sustentabilidade social através da geração de renda.
Ações isoladas ocorrem por todo o país, como é possível identificar em Viçosa, onde todos os supermercados são obrigados a utilizar sacolas biodegradáveis. Uma ação interessante, mas de difícil aplicação global, porque, apesar da demanda mundial estar crescendo nesse setor de forma estrondosa, não existe, no Brasil, fábricas suficientes para atender a uma grande demanda. É possível, ainda, realizar estudos com o uso de rochas de minério marginal utilizados na fabricação de fertilizantes, na produção dessas sacolas. Além de serem biodegradáveis, poderiam ajudar a fertilizar os solos para uma futura recomposição ambiental do local depositado de forma mais rápida e eficiente.
Muito ainda se preocupa com as áreas de preservação ambiental, de recomposição e reposição de áreas devastadas, mas se não existem ações globais para o dia a dia de cada cidadão, ilhas de florestas não serão suficientes para minimizar a poluição gerada a cada segundo no mundo, pelo contrário, a contaminação chegará a essas florestas através de um lençol freático e rios contaminados, chuvas ácidas, ventos, material transportados pelos animais e outros. O que falta é uma visão sistêmica clara de todo o processo para a criação de leis e normas. Falta uma visão sistêmica objetiva para atingir a população de todas as classes. Falta ver o assunto como gerador de renda e não gasto de capital.
O investimento público para ser mais efetivo na minimização dos impactos gerados em uma sociedade no seu dia a dia é menor do que o necessário para corrigir ações não sustentáveis e permitir um futuro a todos?

Nenhum comentário:

Postar um comentário